O presidente Lula (PT) estimulou que o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), mantenha sua candidatura na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a publicação, em uma reunião em setembro, em mais um gesto ao governo, o líder do União Brasil disse a Lula que, se o PT optasse por apoiar Hugo Motta (Republicanos), ele não iria criar embaraços à base governista e poderia desistir. Mas, ainda segundo relatos, o presidente o encorajou a continuar no páreo.
A eleição da Mesa Diretora da Câmara só ocorre em fevereiro de 2025, mas as negociações mobilizam Brasília. Lira procura fazer seu sucessor e anunciou a lideranças da Câmara seu apoio a Hugo Motta, em detrimento da relação de amizade com Elmar e da expectativa na Casa sobre o apoio a ele.
Como a Folha mostrou, Lira já pediu a Lula um gesto de apoio a Hugo Motta ou que haja atuação para favorecer Motta na disputa. Mas isso não ocorreu ainda.
Dirigentes de partidos do centrão avaliam que a estratégia de Lula seria manter a disputa embolada e, assim, ampliar a sua influência no pleito. Para lideranças de três legendas, Lula ainda não está convencido a trabalhar pela candidatura de Motta, mas isso não significa objeção ao nome do parlamentar.
Em conversas reservadas, aliados de Lula ainda lembram da amizade de Motta com o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (Republicanos), condutor do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). O que pesa contra o nome dele.
Por outro lado, Lula não deverá fazer um perigoso cavalo de pau só porque Elmar agora faz um L, nas palavras de um interlocutor do presidente.
Ainda de acordo com a Folha, há ainda a avaliação entre alguns representantes do governo que, enquanto os parlamentares mergulham em disputas no Congresso, o Palácio do Planalto tem mais espaço para articulação de projetos de seu interesse.
Um ministro, no entanto, minimiza essa tática e diz que, pela governabilidade, o Executivo quer evitar rusgas entre partidos que integram a sua base. Representantes do PT também acham difícil que o partido e o governo façam qualquer movimento brusco, já que estão desde o começo negociando com o presidente da Câmara.
Caso Lula decida atuar em favor de um candidato, só o fará em dezembro, segundo aliados.
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