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Braga Netto e Torres tentam se afastar de relatório usado por Bolsonaro para contestar eleição

O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ex-ministro Walter Braga Netto — Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/01-10-2021

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto acompanharam por videoconferência os depoimentos nesta segunda-feira (19) os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa das investigações da trama golpista. As audiências desta segunda-feira marcam o início da instrução (fase de coleta de provas) da ação penal aberta após Bolsonaro, Braga Netto e outros seis denunciados do chamado “núcleo crucial” irem para o banco dos réus por envolvimento numa articulação para impedir a posse de Lula e do vice Geraldo Alckmin.

A audiência não foi transmitida nem pela TV Justiça nem pelo YouTube. Os jornalistas que acompanham a audiência ficaram em um salão anexo ao do Supremo Tribunal Federal (STF) assistindo por videoconferência, mas também não podem gravar nem áudio e nem imagem.

Foi possível saber que Bolsonaro estava acompanhando a audiência porque seu nome e imagem aparecem no telão da videoconferência entre os participantes. Além de Bolsonaro, também acompanham os depoimentos de forma remota os ministros Cármen LúciaLuiz Fux e o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin.

Já o relator da trama golpista, ministro Alexandre de Moraes, esteve na sala de audiências do Supremo, enquanto os advogados dos réus acompanharam os depoimentos via videoconferência.

Nesta segunda-feira, foram ouvidos o ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes, Clebson Ferreira de Paula Vieira, ex-integrante do Ministério da Justiça, Adiel Pereira Alcântara, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, e Éder Lindsay Magalhães Balbino, responsável por empresa contratada pelo PL para fiscalizar as eleições.

No início da maratona de depoimentos, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou Éder sobre a confecção do relatório usado pelo PL para tentar anular o resultado das eleições presidenciais de 2022.

As defesas de Braga Netto e Anderson Torres o questionaram se ele teve contato com os ex-ministros da Defesa e da Justiça, respectivamente, em uma tentativa de se afastar do episódio, usado por Gonet para acusar o grupo de golpe de Estado. Éder disse que não conversou com eles durante a confecção do documento.

Mensagens obtidas pelos investigadores mostram que a verificação conduzida pelo presidente do Instituto Voto Legal (IVL), o engenheiro Carlos Rocha, na verdade constatou que as urnas eletrônicas eram confiáveis, mas escreveu o inverso no relatório que baseou a representação do PL para anular o resultado das eleições presidenciais de 2022.

Na opinião da PF, a ofensiva pela anulação da vitória de Lula marcou “o último ato” oficial do grupo que pretendia impedir a posse de Lula e serviu de fundamento “para a tentativa de golpe de Estado, que estava em curso”.

Segundo a PF, Rocha tentou validar tais suspeitas com o uso de dados de uma empresa de tecnologia da informação chamada Gaio, que tinha como sócio um técnico chamado Eder Balbino. Ele se apresenta nas redes sociais como um “entusiasta da análise de dados”.

A expectativa no Supremo e de aliados de Bolsonaro é que o julgamento que vai definir a condenação ou absolvição de Bolsonaro ocorra até outubro.

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