
Uma operação da Polícia Federal prendeu um ex-diretor do Presídio de Igarassu e policiais penais suspeitos de integrar uma organização criminosa que atuava no tráfico de drogas e na prática de outros crimes na unidade prisional que fica no Grande Recife. Nove mandados de prisão preventiva, sendo oito contra policiais penais, estão sendo cumpridos nesta terça-feira (25).
A Operação La Catedral, como foi denominada, é resultado de uma investigação iniciada após a identificação de um detento que comandava crimes na unidade, contando com o apoio de servidores do sistema prisional.
“Durante as apurações, foram constatados atos de corrupção passiva praticados por policiais penais, além de acessos indevidos a sistemas internos para favorecer detentos”, informou a Polícia Federal, em nota oficial.
A investigação indicou que policiais penais recebiam propina, como joias, refeições e até celulares, em troca de benefícios aos presos de Igarassu.
As prisões foram determinadas pelo juiz José Romero Maciel de Aquino, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Um dos alvos é Charles Belarmino de Queiroz, que atuou até o final do ano passado como diretor do Presídio de Igarassu e que foi exonerado após denúncias de irregularidades na unidade.
Outro alvo é Lyferson Barbosa da Silva, que foi condenado em 2016 por participação no assassinato do médico Artur Eugênio de Azevedo, de 35 anos. A acusação aponta que Lyferson foi contratado para executar a vítima. O crime ocorreu em 12 de maio de 2014, em Jaboatão dos Guararapes.
No ano passado, Lyferson foi transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por decisão da Vara Única da Comarca de Rio Formoso, na Mata Sul de Pernambuco.
Na ocasião, a Justiça alegou a necessidade do regime diferenciado porque, segundo o Ministério Público, o criminoso continuava dando ordens à organização criminosa liderada por ele, por meio de celulares.
Um diálogo descoberto em investigação, em 2023, apontou que Lyferson teria ordenado a um comparsa que realizassem ataques a repartições públicas, como o Detran, escolas e até hospital, além de “incendiar veículos e assassinar pessoas inocentes”.
O grupo estaria insatisfeito com decisões tomadas pela cúpula da segurança pública estadual e, por isso, teria arquitetado os atos na tentativa de derrubá-la.
Na operação desta terça, também foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, dois afastamentos de função e o sequestro de bens dos investigados nas cidades do Recife, Paulista, Goiana, Carpina, Abreu e Lima, Itapissuma (todas em Pernambuco) e em Campo Grande (para cumprimento da preventiva de Lyferson).
CRIMES ATRIBUÍDOS AOS SUSPEITOS
Os investigados devem responder pelos crimes de:
tráfico e associação para o tráfico de drogas;
lavagem de dinheiro;
corrupção;
prevaricação;
promoção ou facilitação de ingresso de aparelho telefônico em presídio;
participação em organização criminosa.
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (SEAP) afirmou que “não compactua com quaisquer atos ilícitos dentro do sistema prisional de Pernambuco, bem como desvios de conduta por parte de seus servidores”.
A pasta disse ainda que tem o compromisso de combater a criminalidade nos estabelecimentos penais. E destacou que, na gestão atual, foram implementadas medidas estratégicas e técnicas como “mudanças nas gerências prisionais, criação da ouvidoria penal e fortalecimento da Comissão de Sindicância”.
Com informações JC