
Em meio à crise diplomática com Israel, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, nesta quarta-feira (21). De acordo com o comunicado do governo americano, na primeira visita ao Brasil como secretário de Estado, Blinken discutirá questões bilaterais e globais com Lula.
Antony Blinken é o secretário de Estado do governo de Joe Biden. Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado é o responsável pela política externa do país, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, conhecido como Itamaraty.
O governo americano informou ainda que o secretário deve enfatizar o apoio dos EUA à presidência do Brasil no G20 — grupo que reúne as maiores economias mundiais —, e à parceria entre os dois países nas áreas de direitos trabalhistas e transição energética.
O conflito entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza, contudo, também deve ser tema na pauta da conversa entre Lula e Blinken. Como secretário de Estado, Blinken tem participado das negociações entre países na tentativa de encerrar a guerra.
Cessar-fogo
Na terça-feira (20), os Estados Unidos vetaram pela terceira vez uma proposta de resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) — apresentada pela Argélia —pedindo o cessar-fogo entre Israel e Hamas.
O governo de Joe Biden é o principal apoiador internacional de Israel, dando, inclusive, financiamento militar.
O Brasil defende, desde o início da guerra, a aprovação de uma resolução nesses moldes no Conselho de Segurança, algo que foi reforçado quando o país assumiu a presidência rotativa no colegiado, em outubro de 2023.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, chefiado por Blinken, Matthew Miller, comentou a declaração de Lula comparando a operação militar de Israel em Gaza ao Holocausto. Segundo Miller, seu governo “obviamente” discorda da fala do presidente brasileiro.
O Palácio do Planalto não divulgou detalhes da pauta do encontro. Apesar da boa relação com o presidente Joe Biden, Lula critica com frequência a posição de impedimento norte-americana no Conselho de Segurança e a incapacidade do grupo de tomar medidas efetivas para acabar com o conflito armado.
Os Estados Unidos têm usado o poder de veto entre os membros do Conselho de Segurança da ONU para impedir uma resolução de cessar-fogo em Gaza. O grupo é composto por 15 países, mas os norte-americanos, assim como China, Rússia, França e Reino Unido, têm poder de vetar propostas em deliberação pelo colegiado.
Além do texto da Argélia, rejeitado nesta terça, os EUA já haviam vetado uma proposta brasileira em outubro, o que motivou críticas públicas sobre a medida por parte do governo brasileiro.
Agenda na Argentina
Blinken, que é um dos principais auxiliares do presidente Joe Biden, também irá à Argentina após compromissos no Brasil, que incluem passagens por Brasília e no Rio de Janeiro.
Na Argentina, ele terá reunião com o presidente Javier Milei.
A visita do secretário à América do Sul também ocorre no contexto dos 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e EUA, completados neste ano de 2024.
Lula nos EUA
Lula foi duas vezes em 2023 aos Estados Unidos, em fevereiro e setembro. Em ambas, teve encontros com Biden, que ainda não veio ao Brasil durante seu mandato.
Biden foi um dos primeiros chefes de Estado a parabenizar Lula pela vitória na eleição de 2022, quando o petista superou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é apoiador de Donald Trump, candidato derrotado por Biden na eleição americana de 2020.
Lula e Biden compartilham opiniões em temas como mudanças climáticas, direitos trabalhistas e fortalecimento das democracias. O presidente brasileiro, contudo, foi criticado pelo governo americano por declarações a respeito da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Quem é Antony Blinken?
Blinken, que fez carreira como diplomata, é um dos nomes de confiança de Biden e ocupa o cargo de Secretário de Estado, equivalente no Brasil ao de ministro das Relações Exteriores.
Como o país tem forte presença internacional, esse posto é considerado o terceiro mais importante nos EUA, depois da presidência e da vice-presidência.
Blinken foi assessor de Bill Clinton, conheceu Joe Biden quando o atual presidente era senador, e trabalhou como secretário-executivo de John Kerry, quando esse estava à frente da Secretaria de Estado, no governo de Barack Obama.
















