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Moro tem depoimento em processo que pode levar à cassação de seu mandato; ida está sob avaliação

Sergio Moro — Foto: Wikimedia Commons

O depoimento do senador Sergio Moro (União-PR) no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) está marcado para esta quinta-feira, às 13h. O ex-juiz da Lava-Jato deve prestar esclarecimentos presencialmente na Corte no processo que pode levar a sua cassação. Fontes próximas ao político, no entanto, afirmam que sua ida está sob avaliação.

O senador responde na Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico e político por conta das eleições do ano passado. A ação movida pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV).

Nos autos do processo, os partidos alegam que o ex-juiz tentou driblar a legislação eleitoral em dois movimentos: na desistência em concorrer ao Palácio do Planalto que teria o levado a exceder o gasto limite de campanha e na migração partidária do Podemos para o União Brasil. Sobre ter desistido de concorrer à Presidência, afirmam que isto teria facilitado sua vitória nas urnas. Há o cálculo de que Sérgio Moro teria gasto R$ 6,7 milhões entre a pré-campanha à Presidência e a campanha ao Senado. O limite permitido por lei é de R$ 4, 4 milhões.

Além de Moro, o seu primeiro suplente no Senado, Luis Felipe Cunha, também deve prestar esclarecimento ao desembargador Luis Carrasco. A defesa do ex-juiz indicou oito testemunhas para defendê-lo no processo. Até o momento, apenas uma de fato compareceu à audiência: o diretor de Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

Companheiro de trabalho na Lava-Jato, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo) havia sido inicialmente arrolado no processo, mas não esteve em sua oitiva, que estava marcada para a última quinta-feira (30). Articuladores dos dois políticos alegam que a defesa de Moro solicitou a ausência de Dallagnol, que iria depor sobre o contexto político de trabalho no Podemos.

A mudança de estratégia dos advogados ocorre no intuito de calçar os depoimentos em torno de uma narrativa de que o PL entrou com a ação para cassar o mandato de Moro porque o seu candidato, Paulo Martins, terminou derrotado.

Michelle Bolsonaro e Gleisi Hoffmann — Foto: Isac Nóbrega/PR e Jorge William/Ag. O Globo
Michelle Bolsonaro e Gleisi Hoffmann — Foto: Isac Nóbrega/PR e Jorge William/Ag. O Globo

Espólio em disputa

Caso o senador seja condenado, o processo ainda seria julgado em segunda instância pela Corte local e, posteriormente, iria ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso a condenação permaneça, Moro perderia sua cadeira no Congresso Nacional.

Nos bastidores, a vaga do ex-juiz já é disputada em uma espécie de campanha pré-eleitoral. Isto porque, caso ocorra a cassação, um novo pleito seria disputado. Como antecipou a colunista Bela Megale, o PL articula o nome da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Já no PT, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, desponta como nome. Em junho deste ano, em postagem no Instagram, Janja chegou a se referir à aliada enquanto “futura senadora”.

“E o dia começou com uma excelente conversa com essas duas mulheres maravilhosas!! Ministra Anielle Franco e a futura Senadora Gleisi”, escreveu à época. Moro não recebeu bem a provocação e afirmou que a mulher de Lula (PT) faltou com respeito com ele e “1,9 milhão de eleitores paranaenses”.

A presença de Michelle Bolsonaro no palanque é tido com bons olhos pelos articuladores de Moro. O argumento é de que o senador ganharia sobrevida sob o risco de uma integrante da família Bolsonaro vir a assumir sua vaga.

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