O tradicional caruru dos Ibejis (Erês), prato oferecido pelas religiões de matriz africana para celebrar o dia das entidades, que no sincretismo religioso são conhecidos como São Cosme e São Damião, pode ter um incremento especial na Bahia. Isso porque, a requisitada iguaria, pode se tornar patrimônio cultural e imaterial do estado.
O Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), abriu processo para patrimonialização do prato típico como bem cultural imaterial. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta terça-feira (3).
Na publicação, a autarquia anunciou a abertura de processo de Registro Especial para patrimonializar a festa e o prato. A decisão chega no mês em que é celebrado o dia dos santos, que são comemorados nos dias 26 (dia litúrgico) e 27 de setembro (dia da festa popular), por devotos da Igreja Católica e fiéis de religiões de matrizes africanas.
RELEMBRE A HISTÓRIA
Populares e prestigiados em todo o país, na Bahia, São Cosme e São Damião recebem homenagens com uma conotação bastante especial e ressignificada, através do caruru. O atrativo representa o “banquete dos orixás” e possui ingredientes de cada entidade da religião africana.
A especialidade reúne diferentes ingredientes em um só servida, entre eles, xinxim de frango, acarajé, abará, feijão preto, feijão fradinho, feijão branco, abóbora, pipoca, vatapá, o próprio caruru (feito de quiabo), milho branco, inhame, batata doce, rapadura, arroz e cana.
A tradição secular baiana, que marca o sincretismo religioso vai muito além do que uma simples comida típica, por conta das histórias que carrega. O festejo local se diferencia de outros lugares do Brasil, quando são oferecidos somente doces e guloseimas para crianças.
O ato é idealizado em oferecer a comida acumulada de ancestralidade e que está associada por conta do sincretismo “afro católico”, já que a origem do caruru é africana.
Já no catolicismo, os santos são dois irmãos gêmeos que ficaram conhecidos por levar a palavra de Deus para diferentes lugares. Por enquanto, nas religiões de matrizes africanas, os santos são considerados como Ibeji, uma entidade que representa o renascimento e a vida.
BN