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Europa perdeu até 10% do gelo nas montanhas dos Alpes em 2023, diz Organização Meteorológica Mundial

Topo do Punta Rocca, nos alpes italianos, após parte da maior geleira da região se desprender por conta de onda de calor, em 4 de julho de 2022. — Foto: Borut Zivulovic/ Reuters

derretimento das geleiras na Europa atingiu mais um patamar preocupante em 2023. De acordo com o novo relatório climático divulgado nesta segunda-feira (22) pelo observatório europeu Copernicus, em conjunto com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), os Alpes perderam cerca de 10% do volume de gelo entre 2022 e 2023.

⛰️⛰️Os Alpes são a cadeia montanhosa mais alta e extensa da Europa. As montanhas se estendem por 1.200 quilômetros e ocupam uma área de cerca de 200.00 km². A cadeia abrange oito países: França, Itália, Suíça, Alemanha, Áustria, Eslovênia, Liechtenstein e Mônaco.

Localização dos Alpes na Europa. — Foto: Arte/g1

Localização dos Alpes na Europa. — Foto: Arte/g1

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A análise mostra que as altas temperaturas registradas durante o verão europeu, com recorrentes ondas de calor, tiveram um papel fundamental para a perda de gelo glaciar em todo o continente.

Além disso, boa parte da Europa teve menos dias com neve do que a média, o que contribuiu para o menor acúmulo de gelo – principalmente na Europa central e nos Alpes.

Francesca Guglielmo, cientista sênior do Copernicus, explica que o derretimento observado tem duas consequências diretas:

🚰 Hidrológicas: menos água armazenada no solo, refletindo em menos recursos hídricos disponíveis durante o período de degelo do ano (primavera).

⛰️ Físicas: menos cobertura de neve significa que uma superfície mais escura vai ficar exposta a luz solar, absorvendo mais calor do que a neve. Com isso, a temperatura dessas regiões deve passar a ser, em média, mais quente do que em um ano de queda normal de neve.

“Além das consequências climáticas, a falta de acúmulo de neve pode afetar negativamente o setor turístico e, por sua vez, a economia local”, complementa Guglielmo.

O relatório também evidencia o impacto das mudanças climáticas de maneira geral no clima europeu e na saúde da população.

👉 Entre os principais destaques do documento estão:

  • Registro de temperaturas recordes na Europa ao longo do ano;
  • Aumento da temperatura média dos oceanos que banham o continente europeu;
  • Alteração do regime de chuvas e nível dos rios;
  • Mudança no clima da região do Ártico, com alta nas temperaturas médias continentais e oceânicas.

Confira abaixo mais detalhes sobre cada ponto do relatório.

Temperaturas recordes

O ano de 2023 foi o mais quente já registrado. E como em todo o mundo, na Europa as temperaturas também ficaram muito acima da média.

Segundo o relatório, os termômetros registraram marcas acima da média ao longo de 11 meses do ano – incluindo o mês de setembro mais quente já observado.

O documento também aponta que o ano passado teve um número recorde de dias com o chamado “estresse térmico extremo”. De acordo com o observatório, há uma tendência de aumento na quantidade de dias com ao menos “forte estresse térmico” na Europa.

Mapa mostra, por meio de cores, o número de dias em 2023 sob 'estresse térmico muito forte'. Quanto mais escuro, maior o número de dias. — Foto: Copernicus

Mapa mostra, por meio de cores, o número de dias em 2023 sob ‘estresse térmico muito forte’. Quanto mais escuro, maior o número de dias. — Foto: Copernicus

🥵🌡️Os dias de estresse térmico são aqueles em que o calor está em níveis superiores ao que o corpo consegue tolerar sem comprometer as funções fisiológicas. É o que acontece com frequência durante períodos de onda de calor.

“A exposição ao calor excessivo pode ter uma ampla gama de impactos fisiológicos no corpo humano, afetando os principais órgãos e sistemas, e muitas vezes agravando condições existentes. Isso pode resultar, até, em mortes prematuras”, alerta Francesca Guglielmo.

Em um contexto em que a população precisa enfrentar temperaturas recordes, os dados também mostram que taxa de mortalidade relacionada ao calor teve alta de cerca de 30% nos últimos 20 anos.

Oceanos aquecidos e mais chuvas

Outra alteração provocada pelas mudanças climáticas foi o aquecimento dos oceanos e, consequentemente, a alteração no regime de chuvas na Europa.

O relatório alerta que a temperatura média das águas que banham o continente europeu foi a mais alta já registrada.

Assim como ocorreu em diversos países da Europa, o Oceano Atlântico foi impactado por uma onda de calor marinha, classificada como extrema. Em junho, as águas o entorno da Irlanda e do Reino Unido chegaram a ficar 5°C acima da média.

Com a superfície do mar mais aquecida, houve também mudanças nas chuvas. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em 2023, a Europa registrou um nível de precipitação 7% maior do que a média.

Mudança no clima no Ártico

Além do derretimento de geleiras observado nos Alpes, o Ártico também foi muito impactado pelo aumento das temperaturas em 2023. Segundo o documento, o ano foi o sexto mais quente já registrado na região.

Com isso, a extensão de gelo no Mar Ártico permaneceu abaixo da média durante a maior parte do ano.

Para se ter uma ideia, no máximo de gelo anual, registrado em março, a extensão mensal ficou 4% abaixo da média. Já no mínimo anual, em setembro, a extensão foi a sexta menor já observada, ficando 18% abaixo da média.

“Muitos dos diversos eventos extremos observados podem ser atribuídos às alterações climáticas e devem se tornar mais frequentes, intensos e durar mais tempo”, prevê a porta-voz do Copernicus.

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