A queda dos resultados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de opinião divulgadas este mês [março] provocou movimentações nem tanto agradáveis na cúpula de primeira hora do governo federal. Para tanto, uma reunião ministerial está maracada para esta segunda-feira (18), a primeira do ano, em que há a expectativa de tentar reverter a alta nos preços dos produtos básicos no país. Mas, também deve ser debatido estratégias de modificar o cenário político-partidário que pode reverberar nas eleições de 2024 e prejudicar a eleição de aliados do cacique petista em que apostam muito pré-candidatos.
Esta será a primeira reunião ministerial do ano, com a expectativa de ter todos os ministros juntos no Palácio do Planalto, conforme o Metropóles. O último encontro desse tipo ocorreu em dezembro, quando Lula deu orientações para os titulares das pastas seguirem em 2024.
No entanto, encontros que reúnem todos os ministros são raros, e em 2023 o presidente preferiu fazer conversas segmentadas em infraestrutura e social.
No que diz respeito à inflação, preocupação atual de primeira hora do presidente, desde a última segunda-feira (11), Lula tem feito agendas sobre o tema. Após reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, o chefe do Executivo escreveu no X:
“Conversamos sobre o que pode ser feito para reduzir o preço de alguns produtos e alimentos, bem como ações para estimular a produção agrícola. Nosso compromisso é trabalhar para resolver os problemas reais do povo brasileiro”.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, previu diminuição no preço do arroz entre março e abril. Segundo ele, a expectativa é de redução de até 20%, proporcional à queda para os produtores.
O governo também tem feito acenos ao agronegócio na expectativa de se aproximar de empresários e impulsionar a produção agrícola. Na semana que vem, Lula deve convidar representantes do setor para um “churrasquinho” na Granja do Torto, onde fica a casa de campo da Presidência.
Além disso, o chefe do Executivo ampliou as viagens a estados onde a atividade predomina, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e Tocantins.
Em relação à comunicação, já há um indicativo de mudança de postura para tentar passar uma impressão mais positiva. Na última semana, usuários de redes social como o X (antigo Twitter) começaram a apontar diferenças nos vídeos publicados na conta oficial do presidente. As gravações, agora, adquiriram um tom mais informal e um contato direto com o presidente.
Uma postagem de terça-feira (12), mostra o chefe do Executivo saindo de um elevador no Palácio do Planalto e caminhando rumo ao seu gabinete, enquanto conversa diretamente com a câmera sobre o que seria anunciado mais tarde em evento.
Outro vídeo, do mesmo dia, trouxe Lula com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, falando, novamente, de maneira direta para a câmera. O estilo anterior para posts desse teor era com fotos de reuniões e apenas texto escrito na postagem, sem uma declaração tão direcionada ao usuário.
Após a primeira semana de março, o governo federal implementou também o projeto Secom Volante, pensado para “apresentar e detalhar as políticas de comunicação do Governo Federal nos estados e municípios”, com promessa de “passar pelas 27 capitais nos próximos meses”, segundo anúncio da Presidência.
Nos dias 11 e 12 de março houve a estreia do programa, no qual o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), percorre municípios com alguns outros titulares.
O primeiro local escolhido foi Belém (PA), onde Pimenta teve a companhia dos seguintes ministros: Juscelino Filho (Comunicações), Jader Filho (Cidades), Celso Sabino (Turismo), Marina Silva (Meio Ambiente) e Silvio Almeida (Direitos Humanos).
Porém, há a percepção de que as falas “polêmicas” de Lula sobre assuntos internacionais tiram espaço do trabalho sendo feito em solo nacional. Recentemente, o petista citou mais de uma vez o “genocídio” cometido por Israel na Faixa de Gaza, o que gerou repercussões na relação entre as nações.
A oposição também criticou as declarações do chefe do Executivo sobre as eleições na Venezuela, marcadas para julho. O presidente brasileiro orientou que não se questionasse o pleito antes dele, de fato, ocorrer.
No mesmo discurso, Lula lembrou de quando esteve impedido de disputar a Presidência em 2018: “Em vez de ficar chorando, indiquei outro candidato“. A principal opositora do venezuelano Nicolás Maduro, María Corina Machado, questionou um suposto machismo por parte do petista.
“Eu chorando? Diz isso porque sou mulher? Não me conhece”, ela escreveu no X (antigo Twitter), ao republicar a declaração de Lula.
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