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Juazeirense acusado de estelionato foi preso no Pará após aplicar novos golpes no estado

O juazeirense Manoel Tenório, acusado de aplicar diversos golpes, foi preso em flagrante nesta segunda-feira (13), em Belém, no Pará. Segundo informações repassadas com exclusividade ao Portal Preto no Branco, ele também estaria praticando crimes de estelionato no estado.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, a vítima foi o diretor do Governo do Estado do Pará, Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas FAPESPA, Márcio Ivan Lopes Ponte de Souza. Em depoimento, ele relatou que conheceu o Manoel no último dia 03, em um restaurante na capital paraense.

Ainda conforme as informações, Manoel se apresentou como representante do governo da Bahia e membro do GSI da presidência da Republica, afirmando que atuava na organização de eventos para os governos baiano e brasileiro, inclusive envolvendo a COP 30, que será realizada em Belém. O acusado teria convencido a vítima a firmar um suposto contrato de locação de imóveis e veículos da vitima no valor de R$ 275.550,00.

Posteriormente, segundo relatos, Manoel informou que a vítima precisaria de um adiantamento no valor de cerca de R$ 80.000,00 para garantir o local do evento, garantindo que devolveria o montante assim que recebesse 800 mil reais do governo da Bahia. O acusado também teria pedido um empréstimo pessoal à vítima de R$ 40.000,00, prometendo devolver após o saque de valores de R$ 800.000,00 que, segundo ele, estariam bloqueados no Banco do Brasil, o que segundo a polícia, não procede.

No depoimento, Márcio Ivan também contou que realizou várias transferências para contas indicadas por Manoel, que chegou a dizer que iria doar dois relógios ROLEX avaliados em R$ 25.000,00 cada. Em data posterior, a vítima realizou nova transferência para cobrir o combustível de viagens, no valor de R$ 2.400,00 e outro de 3.200,00. A vítima sofreu um  desfalque de aproximadamente 120 mil reais.

A vítima também declarou que o suspeito chegou a dormir em sua casa em algumas ocasiões, alegando que assim ficaria mais fácil que Márcio ajudá-lo nos procedimentos do saque de 800 mil reais para pagar as despesas. Outro ponto destacado pela vítima, foi que Manuel Tenório foi apresentado a outras autoridades do estado interessado em alugar imóveis e veículos para a estadia da comitiva do governo da Bahia na COP 30 e também da comitiva da Consulesa de Luxemburgo.

Hoje, a vítima desconfiou do golpe, após repassar 40 mil reais para o acusado de estelionato e ele sumir. Manuel Tenório foi localizado, através de um motorista contratado e que também foi vitima de um golpe.

Na agência bancaria, Márcio Ivan Lopes Ponte entrou em contato com o Capitão Luiz Paulo chefe de Operações da capital, Belém, sede da COP 30. Ele foi preso em flagrante e conduzido a delegacia, onde o caso foi formalizado.

Ainda conforme informações obtidas pelo PNB, Manoel Tenório passará por audiência de custódia nesta terça-feira (14).

Denúncias divulgadas pelo PNB

Em setembro deste ano, o Portal Preto no Branco recebeu denúncia de um suposto golpe que estaria sendo aplicado por Manoel Tenório Rapadura Neto, no município de Juazeiro, na região Norte da Bahia. Conforme relatos, o acusado se apresenta como assessor político, diz ter influência em órgãos públicos e oferece vagas de emprego que não existem.

Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, relatou que chegou a enviar documentos pessoais e pagar valores em dinheiro. Ela contou ainda que o acusado utiliza nomes de instituições como Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Inema e Hospital Regional/OSID.

“Uma colega que trabalhou comigo me indicou, dizendo que ele estava atrás de pessoas para trabalhar. Como estou desempregada, mandei meu currículo. Ele disse que tinha enviado ao RH e, logo cedo, alguém entraria em contato comigo. No dia seguinte, uma mulher me ligou dizendo que era do setor de Recursos Humanos, pediu todos os meus documentos e afirmou que eu precisava fazer o exame admissional. Me passou até o CNPJ da Fundação Irmã Dulce para dar credibilidade. Depois fui informada que seria necessário pagar o exame por conta própria. Disseram que custava R$ 230,00 e que depois seria reembolsado. Ele ainda me indicou um amigo médico que faria o exame. Acreditei e fiz o Pix.”, relatou.

A vítima conta ainda que além dela, outras duas amigas também caíram no golpe.

“Ele pediu mais duas indicações de pessoas confiáveis. Eu indiquei duas amigas, que também mandaram documentos e pagaram. Uma delas desconfiou, pesquisou o nome dele aqui neste blog e descobriu que já havia reportagem denunciando golpes praticados por ele. Foi quando caiu a ficha que eu também tinha caído em um golpe.”, acrescentou.

A vítima contou que conseguiu recuperar o valor pago, mas uma das amigas ainda não teve a devolução do dinheiro. “Ele disse que estava com a conta bloqueada e não devolveu o dinheiro dela. Meu maior medo, no entanto, não é só o dinheiro, mas o uso dos meus documentos. Entreguei RG, CPF, comprovante de residência, tudo. Estou aflita e sem conseguir dormir, temendo que meus documentos sejam usados para outros fins. Inclusive, ele me bloqueou do Whats app após minhas cobranças”

Ela disse ainda que, ao confrontar Manoel Tenório, ele tentou se justificar. “Quando percebi que era golpe, liguei para ele e ele ficou agoniado, inventando desculpas. Até me mandou o contato de uma pessoa dizendo que era do gabinete de um político, querendo que eu ligasse. Mas era tudo parte da armação.”

A vítima contou que já formalizou um Boletim de Ocorrência junto à polícia: “Eu tenho todas as conversas, todos os prints. O que mais me preocupa é que, na agonia de estar precisando de emprego, a gente não percebe os sinais de que se trata de um golpe.”

Ainda em setembro, em novos relatos, as vitimas relataram que além da oferta de falsas vagas de emprego, o suspeito também estaria usando sua suposta influência política para aplicar outros tipos de golpes.

Em contato com o Portal Preto no Branco, o dono de uma empresa com sede em Salvador, denunciou que Manoel Tenório realizou uma compra no valor de R$ 37 mil utilizando um cheque sem fundo.

“Em março deste ano ele procurou a nossa loja e se apresentou como assessor político, querendo comparar um Jet Ski Inclusive, nas conversas, ele chegou a citar que era amigo do governador, do vice-governador e do Secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner. Após negociar com ele, fizemos o contrato, porém, ele disse que estava com problemas em fazer a transferência do valor e perguntou se poderia fazer o pagamento com um cheque, com o acréscimo de 10%. Confiando em tudo que ele havia dito, o bem foi entregue a ele. Esse cheque voltou e ele deu inúmeras desculpas. Fazendo uma pesquisa e conversando com algumas pessoas, descobrimos que tudo que ele havia dito era mentira. Só depois de muita pressão, ele devolveu o Jet Ski. Ficou um dia com o veículo, o que lhe rendeu muitas fotos no Instagram. Foi prestada uma queixa por estelionato e há uma ação judicial que corre em segredo de justiça,” relatou o proprietário da empresa.

Outra vítima denunciou que o suspeito também já agiu ofertando intermediação em cirurgias, que, mesmo após envio de pagamento, nunca foram realizadas.

“Ele chegou até mim por uma postagem no Instagram, onde eu falava que estava no hospital, e ele perguntou se eu estava precisando de algo. Eu expliquei que estava com uma pessoa precisando fazer uma cirurgia de hérnia umbilical e ele se ofereceu para ajudar a marcar a cirurgia ou em um hospital particular ou no Hospital Regional. Eu perguntei se ele conseguiria no hospital particular e ele me pediu os exames que o paciente já tinha feito para autorizar o procedimento. Depois, ele me passou o contato de uma mulher de nome Poliana Cerqueira, dizendo que ela entraria em contato comigo. Eles me disseram que haviam conseguido agendar a cirurgia para o dia 5 de agosto, às 18h, pelo valor de R$ 800,00. Eu fiz a transferência para o Pix que me enviaram. Posteriormente, me disseram que eu teria que enviar mais R$ 550,00 para pagar a taxa de agendamento cirúrgico. Fiz o pagamento e aguardei a data dessa cirurgia. No dia marcado para o procedimento, eles entram em contato informando que não tinha como ser feito, porque o médico teve que fazer outra cirurgia de urgência de uma pessoa idosa e que iria marcar uma nova data para a cirurgia. Porém, essa outra data nunca apareceu e ele nunca devolveu o valor repassado. Fomos informados que ele está fazendo isso com outras pessoas também. Quando ele vê que alguém está precisando de alguma coisa ele chega e se oferece para ajudar. Ele diz que tem amizade com deputado, com prefeito, governador e pessoas influentes. Ele falou que tinha parceria com o dono do hospital e que a gente só ia arcar com o pagamento do anestesista e da marcação, que era diretamente para o médico, porque a cirurgia não tinha como ser feita pelo SUS. Até hoje aguardamos a devolução do pagamento. Teve um dia que a gente cobrou bastante e eles falaram que iam fazer o depósito. Chegaram a falsificar o comprovante de depósito, disseram que estavam no banco e, inclusive, a Poliana mandou foto. Porém, fizeram um depósito falso e esse depósito nunca entrou na conta”, contou uma vítima.

Outra vítima alerta que Manoel Tenório não age sozinho e acusa uma mulher identificada como Poliana Cerqueira de participar dos crimes.

“Sou nutricionista formada há 15 anos. Ele me ofereceu um trabalho no Núcleo Regional de Saúde-Norte, antiga DIRES. Inclusive, ele me disse que o pai dele era diretor de lá e que tinha cotas de indicações através de um deputado estadual. Ele pediu os meus documentos e disse que essa Poliana ia entrar em contato comigo. Ela entrou em contato e eu não quis mandar meus documentos por WhatsApp. Ela me informou o e-mail e eu enviei meus documentos. Foi nesse momento que ela falou que eu teria que pagar os exames admissionais no valor de 400 reais. Foi aí que eu entendi que teria algo errado. Eu falei para ele que isso estava estranho, porque em todos os trabalhos que eu já tive, quem arcou com os custos do admissional foi quem estava me contratando. Ele desconversou, alegou que a junta de saúde era complicada, deu várias desculpas e disse que eu não precisava mandar o dinheiro. Eu acredito que ele disse isso porque percebeu a minha desconfiança. Porém, esse contrato de emprego nunca chegou e eu realmente entendi que era um golpe. Eu não cheguei a perder dinheiro, mas fui enganada, fui ludibriada por um emprego que nunca existiria. O medo agora é de ele usar os meus documentos para fins ilícitos”, declarou.

Em contato com o diretor do NRS-Norte, Pedro Alcântara informou que nenhuma das pessoas citadas faz parte do quadro de funcionários do Núcleo Regional de Saúde Norte e não representam o órgão.

Nós entramos em contato com Poliana Cerqueira, mas ela não respondeu nossa mensagem. Procurado por nossa redação, Manoel Tenório não quis se manifestar sobre as acusações.

A orientação da Polícia Civil, também procurada pelo PNB, é que vítimas de golpes devem registrar um Boletim de Ocorrência na Delegacia.

Redação PNB 

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