Publicidade

O Projeto Minha Cidade, manifesta-se contrário ao Projeto de Lei nº 079/2025, que propõe mudar o nome da Praça Austricliano de Carvalho para Praça Dom Jairo

NOTA PÚBLICA


Na última sessão da Câmara Municipal de Senhor do Bonfim, foi apresentado o Projeto de Lei do Legislativo nº 079/2025, de autoria do vereador Reinaldo Ferreira Santana, que propõe alterar o nome da Praça Austricliano de Carvalho, localizada ao lado da Catedral Diocesana, para Praça Dom Jairo, quinto Bispo da Diocese de Bonfim.



O Projeto Minha Cidade reconhece a relevância e o legado de Dom Jairo Rui Matos da Silva. Figura de fé, diálogo e compromisso social, Dom Jairo exerceu importante papel religioso e comunitário, sendo responsável por fortalecer a presença da Igreja na vida pública e por incentivar ações de solidariedade e promoção humana. Nesse ponto, é válido destacar que uma justa homenagem a Dom Jairo já foi materializada com a denominação de uma rua no bairro da Olaria, perpetuando seu nome e sua contribuição à sociedade bonfinense.


Homenagens como essa são sempre bem-vindas, pois valorizam figuras que contribuíram para o desenvolvimento humano e social de Senhor do Bonfim. No entanto, é importante ressaltar que a valorização de um nome não deve resultar no apagamento de outro. Preservar os símbolos, monumentos e denominações históricas é um dever de respeito à memória coletiva e ao papel que certos personagens exerceram na formação da identidade bonfinense.


A Praça Austricliano de Carvalho homenageia um dos nomes mais expressivos da história de Senhor do Bonfim e da Bahia. Austricliano Honório de Carvalho, engenheiro formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, foi um dos fundadores e o primeiro vice-presidente do Instituto Politécnico da Bahia. Atuou de forma decisiva na expansão das ferrovias baianas e foi, ao lado dos sócios Jeronymo Teixeira de Alencar Lima e Miguel de Teive e Argollo, arrendatário da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, empreendimento que se tornou o maior vetor de desenvolvimento da história do nosso município, responsável por integrar economicamente Senhor do Bonfim à Bahia e ao Nordeste.


Em Bonfim, deixou marcas duradouras com a construção da Fazenda Suíça, da barragem do Grunga e do prédio escolar que mais tarde levaria seu nome, símbolos de sua visão de progresso e de seu compromisso com o desenvolvimento local. Além de seu papel como engenheiro e gestor, Austricliano exerceu forte influência política, tendo sido deputado na Assembleia Legislativa da Bahia e Secretário de Agricultura, Indústria, Comércio, Viação e Obras Públicas durante o governo de Francisco Marques de Góes Calmon (1924–1928). Nesse período, promoveu avanços na implantação de estradas e no transporte rodoviário baiano, além de liderar estudos pioneiros sobre a transposição das águas do Rio São Francisco para o Vaza-Barris, um tema de grande relevância até os dias atuais.



Austricliano de Carvalho também foi um homem de letras. É autor da obra “Brasil Colônia e Brasil Império”, considerada uma das mais importantes publicações sobre a História do Brasil, amplamente reconhecida no meio acadêmico e literário.


Por tudo o que representa para a história de Senhor do Bonfim e do Estado, o Projeto Minha Cidade manifesta, com respeito e serenidade, sua discordância quanto à proposta de mudança de nome da Praça Austricliano de Carvalho, defendendo a manutenção de sua denominação original.


Nesse sentido, expressa também seu apoio à mobilização iniciada pelo professor Antônio Augusto Santana, cuja iniciativa em defesa da preservação do nome da praça reforça o sentimento coletivo de valorização da história e da memória bonfinense.


Confiamos que o autor do projeto, vereador Reinaldo Ferreira Santana, o presidente da Câmara Municipal, os demais vereadores e vereadoras, reconhecerão o valor histórico e educativo de preservar o nome de Austricliano de Carvalho, mantendo viva a memória de um personagem que contribuiu decisivamente para o progresso de Senhor do Bonfim e da Bahia.


Reiteramos nosso respeito à memória de Dom Jairo Rui Matos da Silva e reafirmamos que novas homenagens podem e devem ser realizadas, desde que preservem a integridade da história e o legado dos personagens que ajudaram a construir a identidade do nosso município.

Publicidade
Publicidade