
A ofensiva do governo Donald Trump de sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e impor um tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras não deve levar a um recuo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa é a avaliação de cinco advogados de cinco diferentes réus do caso que pode levar à prisão de Bolsonaro por envolvimento numa intentona golpista para se manter no poder e impedir a posse do presidente Lula.
“Embora seja uma situação preocupante e injusta, com uma atuação arbitrária do presidente Trump, acredito que em nada mudará a situação do Bolsonaro”, diz o advogado de um dos réus, que pediu para não ser identificado.
“Penso até que pode ter um efeito ricochete e agravar a situação dele, porque sabemos que isso é fruto da atuação do Eduardo Bolsonaro lá nos EUA.”
Antes do anúncio das novas tarifas, Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal e prorrogou por dois meses o inquérito que investiga a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, para onde ele se mudou ao se licenciar do cargo de deputado e articular medidas da Casa Branca contra o Brasil.
Um outro advogado, com bom trânsito no meio jurídico, vai na mesma linha e também avalia que o efeito será justamente o contrário do pretendido pelos bolsonaristas: “Vai é piorar a situação de Bolsonaro”.
“Não muda nada”, diz um terceiro defensor ouvido pelo blog. “Acho que vem paulada em todos nós”, diz um quarto advogado que atua no caso.
Conforme informou o blog, Moraes acelerou o andamento do caso, que deve ser julgado até setembro pelos cinco ministros da Primeira Turma do STF: Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Flávio Dino e o próprio Moraes.
A prisão do general Walter Braga Netto, um dos réus do chamado “núcleo crucial da trama golpista”, foi usada como justificativa pelo ministro para agilizar a tramitação da ação penal.
Enquanto Moraes permaneceu em silêncio após a ofensiva trumpista, Dino deixou recado no seu perfil no Instagram.
“Uma honra integrar o Supremo Tribunal Federal, que exerce com seriedade a função de proteger a soberania nacional, a democracia, os direitos e as liberdades, tudo nos termos da Constituição do Brasil e das nossas leis”, escreveu o ministro, indicado ao cargo pelo presidente Lula.