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Líder supremo iraniano, aiatolá Khamenei adverte: ‘A batalha começa’

Líder Supremo do Irã, Ali Khamenei — Foto: KHAMENEI.IR / AFP

No sexto dia de confronto aberto entre Irã e Israel, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, declarou nesta quarta-feira que “a batalha começou”, em um sinal claro de que Teerã não pretende recuar na escalada militar. As postagens, feitas em sua conta oficial na rede X (antigo Twitter), vieram horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exigir a “rendição incondicional” do Irã.

“Devemos dar uma resposta forte ao regime sionista terrorista. Não teremos misericórdia dos sionistas”, afirmou Khamenei em um dos textos publicados.

As mensagens foram acompanhadas de imagens com forte carga simbólica e religiosa, incluindo uma representação da histórica Batalha de Khaybar, em que forças islâmicas derrotaram tribos judaicas na Península Arábica no século VII. O tom reforça a dimensão ideológica e religiosa que Teerã busca imprimir ao conflito.

O longevo líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, enfrentou uma infinidade de momentos críticos à frente da República Islâmica, mas o conflito aberto com Israel representa sua prova mais difícil, pois ameaça tanto o sistema político que ele dirige quanto sua integridade física.

Ele sucedeu o aiatolá Ruhollah Khomeini em 1989 e, desde então, enfrentou sanções, tensões internacionais e protestos reprimidos com sangue, os últimos ocorridos em 2022-2023, contra a política de obrigar mulheres a usarem véu. Dada sua avançada idade, 86 anos, a questão da sucessão já está presente há algum tempo na cena política iraniana.

— Khamenei está no ocaso de seu reinado, com 86 anos, e boa parte do comando diário do regime já não está em suas mãos, mas sim nas de uma série de facções à espera do que acontecerá no futuro — explica Arash Azizi, da Universidade de Boston. — Esse processo já estava em curso, e a atual guerra não faz nada além de acelerá-lo.

Mudança de roteiro

Durante décadas, Khamenei conseguiu manter o país a salvo de conflitos diretos, enquanto seu regime patrocinou os inimigos de Israel— o Hamas palestino, o Hezbollah libanês, os houthis do Iêmen — e o regime sírio da família Assad, derrubado em dezembro passado por uma coalizão de grupos islamistas. Mas com os parceiros do Irã enfraquecidos por Israel desde que começou a guerra em Gaza em outubro de 2023 e os atuais ataques israelenses, essa situação mudou completamente.

— Desde que assumiu a liderança suprema em 1989, orgulha-se de ter afastado os conflitos das fronteiras do Irã — comenta Jason Brodsky, da organização United Against Nuclear Iran (“Unidos Contra um Irã Nuclear”, UANI), com sede nos Estados Unidos. — Desta forma, Khamenei cometeu um grande erro de cálculo.

Israel, que tem armas nucleares, mas jamais confirmou ou negou sua existência, lançou em 13 de junho uma campanha militar sem precedentes contra o Irã, matando o líder da Guarda Revolucionária, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e vários cientistas nucleares, além de atingir instalações de seu programa atômico e locais militares. Tudo isso com o objetivo de impedir que o Irã obtenha a bomba atômica, uma meta que a República Islâmica nega estar perseguindo.

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