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Vírus ‘zumbis’: ‘Ainda não é possível dimensionar o risco, mas há potencial, já que não há anticorpos para eles’, diz geneticista

A equipe do virologista Jean-Michel Claverie publicou uma pesquisa mostrando que eles extraíram vários vírus do permafrost siberiano, todos infecciosos — Foto: Jeremy Suykur/Bloomberg

O virologista Jean-Michel Claverie, 73 anos, e sua equipe estão há uma década estudando os chamados ‘vírus zumbis’, patógenos adormecidos há mais de 50 mil anos que podem voltar à vida e infectar humanos devido ao aquecimento do planeta e, consequentemente, ao derretimento das calotas polares.

Ano passado, o cientista e sua equipe, fizeram uma investigação extraindo vários vírus antigos do permafrost e todos eles eram prejudiciais à saúde e infecciosos — foram ao todo 13 novos vírus.

O geneticista e diretor do Laboratório Genetika, de Curitiba, Salmo Raskin diz que não há como medir o tamanho exato do risco que esses vírus podem trazer aos seres humanos, porém existe potencial, visto que muito provavelmente não há anticorpos específicos contra eles.

— A sobrevivência em ambientes extremos por períodos prolongados é um desafio que apenas alguns organismos são capazes de enfrentar — afirma em entrevista ao GLOBO.

Confira a entrevista do médico:

Como os vírus conseguem sobreviver por tanto tempo?

A sobrevivência em ambientes extremos por períodos prolongados é um desafio que apenas alguns organismos são capazes de enfrentar. As estratégias de sobrevivência incluem um estado conhecido como criptobiose, no qual reduzem o metabolismo a um nível indetectável.

O senhor pode detalhar o que é esse mecanismo?

Alguns organismos na natureza desenvolveram a capacidade de entrar em um estado de criptobiose quando as condições ambientais são desfavoráveis. Esta transição de estado requer a execução de uma combinação de vias genéticas e bioquímicas que permitem ao organismo sobreviver por períodos prolongados.

O que faz um organismo hibernar por tanto tempo?

Os mecanismos evolucionários ainda não estão bem claros, mas a hipótese principal é que isso aconteça em ambientes de extremos estresse, como por exemplo em baixíssimas temperaturas ou falta de oxigênio. Pesquisar recentes estão tentando detalhar o que está por trás desta capacidade que só alguns organismos tem. Uma das estratégias possíveis com a tecnologia atual é comparar seus genomas com outros agentes.

Qual o risco de esses vírus terem vindo à tona depois de tanto tempo?

Na verdade não se sabe o tamanho do risco exato, mas o potencial existe, não muito provavelmente há anticorpos para eles.

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