
Quando se fala em grávida com contrações, é provável que o que vem à mente seja o trabalho de parto. No entanto, existem outros tipos de espasmos em gestantes, entre elas as causadas por uma condição chamada útero irritável ou hiperativo. O quadro requer atenção especial para evitar complicações como o parto prematuro.
O que é útero irritável ou hiperativo?
O útero irritável é uma condição exclusiva das grávidas e caracterizada por contrações uterinas dolorosas que ocorrem antes do período esperado para o trabalho de parto. O sintoma costuma surgir a partir da 20ª semana de gestação e pode ser desencadeado por estímulos comuns, como caminhar, ou às vezes por nada específico.
A condição é diferente das contrações de treinamento, também conhecidas como Braxton-Hicks, que são esporádicas e indolores. No último caso, os espasmos ocorrem para o útero acomodar a posição do nenê, por causa da distensão da musculatura.
A sensação de aperto causada pela Braxton-Hicks pode começar a partir do quarto mês de gestação e seguir até o seu fim. Trata-se de um fenômeno normal, que tende a passar se a gestante se sentar ou beber um copo de água, por exemplo.
Já no útero irritável, o sintoma é mais frequente e causa um desconforto significativo. “A paciente sente o útero bem durinho, mas com dor, e isso pode ocorrer várias vezes ao dia”, explica Ana Paula A. Beck, ginecologista e obstetra do Einstein.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é clínico e feito por exclusão. Primeiro, os médicos investigam possíveis causas de contrações prematuras, como infecções urinárias, stress e ansiedade, além de Braxton-Hicks. Se nenhuma dessas condições estiver presente, o obstetra pode concluir que se trata de útero irritável.
O tratamento inclui repouso, que não precisa ser absoluto, e medicação à base de progesterona, administrada via oral ou vaginal. Essa abordagem ajuda a reduzir a frequência das contrações e a prevenir complicações. “Se não tratar, muitas vezes a gestante pode ter um trabalho de parto prematuro”, alerta Beck.
De fato, uma pesquisa de 1995 publicada no American Journal of Obstetrics and Gynecology investigou a relação entre o quadro e o parto prematuro. Segundo os cientistas, pacientes com irritabilidade uterina dão à luz antes da hora a uma taxa superior à das gestantes em geral (18,7% ante 11%).
Fatores de risco
Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver a condição, como histórico anterior de útero irritável e gestações gemelares, em que o útero se distende mais. A idade da mãe, segundo Beck, não parece influenciar o aparecimento do problema.
Infelizmente, não há uma maneira de prevenir o sintoma. “Quando o útero é irritável, ele sempre vai ser irritável”, afirma a especialista. Por isso, gestantes que apresentam contrações devem procurar orientação médica e seguir as recomendações para garantir uma gestação segura.
















