
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou a lista de patógenos com maior probabilidade de de causar a próxima pandemia. O relatório, publicado na semana passada, incluiu mais de 30 vírus e bactérias como a gripe aviária H5N1, o vírus da dengue e o mpox. O número é mais do que o dobro das listas anteriores, publicadas em 2017 e 2018, com cerca de uma dúzia de micróbios.
A nova lista foi compilada por 200 cientistas de mais de 50 países, após analisarem mais de 1.600 bactérias e vírus. Aqueles classificados como tendo “potencial pandêmico” eram altamente transmissíveis e virulentos – ou capazes de causar doenças graves em humanos. Também foram rotuladas como doenças perigosas aquelas que não contam com vacinas ou tratamentos disponíveis.
Entre os patógenos prioritários estão o grupo de coronavírus conhecido como Sarbecovírus, que inclui o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, e o Merbecovírus, que inclui o vírus que causa a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS).
Outras adições à lista incluem o vírus da varíola dos macacos, que causou um surto global de mpox em 2022 e continua a espalhar-se em zonas da África Central. A OMS incluiu até mesmo o vírus causador da varíola. Embora a doença tenha sido erradicada em 1980, o fato de as pessoas não serem mais vacinadas rotineiramente contra o vírus e, portanto, não se tornarem imunes para ele, uma liberação não planejada poderia causar uma pandemia.
Meia dúzia de vírus influenza A, subtipo que inclui a gripe e a gripe aviária, também estão agora na lista, incluindo o subtipo H5, que provocou um surto em bovinos nos Estados Unidos. Entre as cinco bactérias – todas adicionadas recentemente – estão cepas que causam cólera, peste, disenteria, diarreia e pneumonia.
Especialistas do mundo todo, incluindo do Brasil, dizem que é apenas uma questão de tempo até a próxima pandemia. A urbanização e o desflorestamento impulsionaram o contato entre a vida selvagem e os humanos, enquanto o aumento das viagens internacionais gera novas oportunidades para uma doença encontrar o seu caminho para novas áreas do mundo.
Há também preocupações de que as alterações climáticas possam alimentar um surto, levando à propagação de doenças em novas áreas.
— O processo de priorização ajuda a identificar lacunas críticas de conhecimento que precisam ser abordadas com urgência — diz a médica Ana Maria Henao Restrepo, que lidera a equipa do Plano de P&D para Epidemias da OMS que preparou o relatório, à Nature.
Para muitas das doenças incluídas na lista, apenas casos esporádicos foram diagnosticados. Mas os pesquisadores alertaram que, se adquirissem mutações que os tornassem mais capazes de se espalhar entre as pessoas, poderiam desencadear um surto.
A maioria das doenças é transmitida por carrapatos, morcegos, mosquitos, roedores ou por pessoas – muitas vezes transmitidas por gotículas respiratórias. Para se tornar uma pandemia, um vírus ou bactéria terá de se espalhar entre humanos, ser detectado em todo o mundo e causar doenças.
Os investigadores afirmam que a lista de “patógenos prioritários” ajudará as organizações a decidir onde concentrar os seus esforços no desenvolvimento de tratamentos, vacinas e diagnósticos.
Confira abaixo a lista dos 30 patógenos mais perigosos, segundo a OMS:
- Febre de Lassa
- Febre Hemorrágica Argentina
- Cólera
- Praga
- Shigelose
- Salmonela
- Pneumonias
- MERS; Vírus Respiratório do Oriente Médio
- SARS; Síndrome Respiratória Aguda Grave
- Ebola
- Doença de Marburg
- Zika
- Dengue
- Febre amarela
- Encefalite do carrapato
- Vírus do Nilo Ocidental
- Hantavirus
- febre hemorrágica Crimean-Congo
- Gripe aviária (H1 ao H10)
- Gripe suína (H1 to H3)
- Vírus Nipah
- Febre SFTS
- Febre do Vale do Rift
- Varíola
- Vírus varíola
- Mpox
- Chikungunya
- Encefalite Equina Venezuelana
- Patógeno X
- Adenovirus
- Adenovirus 14
- Síndrome mão, pé e boca
- Lentivírus
- Vírus da doença de Borna
- Hepatite C
- Hepatite E
- HerpesHPVParvovírus